Quem perde com o enfraquecimento sindical?

Gualter Baptista Júnior*

Há pouco mais de dois anos recebemos com expectativa a Reforma Trabalhista, criada para alavancar a economia e gerar empregos em nosso país. Ao final de 2017, vimos as novas regras que enfraqueceram a representatividade dos sindicatos, demonizando a entidade diante dos trabalhadores e abrindo caminho para acertos paralelos diretos entre patrões e empregados. Enfraqueceram o sindicalismo, prejudicando os trabalhadores. Um ano depois, em dezembro de 2018, elas entraram em vigor, para quê, mesmo?
Ouvimos atentamente que seriam anos da retomada, da implementação das novas regras e da organização do mercado para enfim, gerar mais empregos. Aguardamos com a mesma expectativa 2019, que foi mais um ano onde se esperava o crescimento do emprego, baseado nas reformas… Em resumo, foram dois anos de enfraquecimento dos nossos sindicatos, da derrubada de direitos conquistados pelos trabalhadores.
O próximo ano, 2020, seria promissor. Seria… Se desta vez a expectativa não fosse frustrada pela pandemia. E aí – somente aí – há que se fazer um parêntese: realmente, as economias foram destroçadas. Trabalhadores perderam seus empregos enquanto parte da economia remava para não afundar com o efeito nefasto da Covid-19.
Em meio ao turbilhão do caos causado pela pandemia um dos setores mais importantes da nossa região manteve-se forte, à espera de reformas. Nosso tabaco que gera receita do campo aos grandes centros urbanos, emprega milhares de trabalhadores em suas linhas de produção, manteve o vigor, respeitando todos os cuidados necessários, mantendo a famosa roda da economia girando. Os próprios dados da indústria, das exportações, revelam que mesmo com a dificuldade homérica de manter o trabalho, as chaminés do tabaco estiveram aquecidas.
Este segmento que espera por uma reforma. Uma mudança de conceito, um respeito ao trabalho legalizado, que gera receita, renda e riqueza por onde passa, espera pelo fim do contrabando. Pelo fortalecimento da atividade e o reconhecimento de que a produção do tabaco, seus derivados e sua mão de obra engrossam o bolo da economia nacional. Nós da Fentifumo esperamos por isso.
Estamos na expectativa também dos empregos que viriam na carona da reforma que tirou força do trabalhador organizado. Nos irmanamos às demais federações e todos os sindicatos, de todas as categorias de trabalhadores, para que juntos reconquistemos o nosso prestígio junto ao governo e retomemos a confiança dos nossos colegas associados. Quem perde com o enfraquecimento sindical? A gente responde: todos nós, brasileiros, trabalhadores e lutadores desta nação.

*Presidente da Federação Nacional das Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo) e Mestre em Administração

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